quinta-feira, julho 28, 2005

Quem vê a Fantástica Fábrica, depara-se com um monstro cinza numa cidade cinza, onde apenas tem calor numa casa engraçada e desengonçada, suja e caída; visivelmente uma brincadeira com o nosso lúdico de desestrutura externa, mas dentro tinha tudo aquilo que no resto do mundo não tinha: cor.

Talvez por isso que a tal fábrica era tão idealizada; ela era grande e distante, mesmo estando no meio da cidade. poucos podiam estar ali e viver ela, e mesmo os que podiam, poucos sabiam o fazer. Mesmo os que queriam, poucos sabiam o fazer. Sabe como é... cor demais num mundo cinza pode apavorar.

E certamente queremos sempre ver o objeto majestoso e misterioso por dentro, mesmo que normalmentre não saibamos dar o devido valor. Assim como flores, a maioria das coisas precisa de amor para brotar da forma como desejamos, e não sei se há, hoje, amor o suficiente no mundo para ferilizar um solo há tanto tão árido.

Certamente não serão os Zacarias em miniaturas ou cascatas de chocolates quem fazem o mundo encantado, nem mesmo cogumelos de bolotas ou algodões doces de lã rosa. Olhar simploriamente essas coisas podem apenas danificar a noção de realidade, ou abalar a veracidade ou a confiança de quem expõe tais verdades.

Verdade? Mas que verdade?

A verdade de que não há uma verdade. A verdade de que não se sabe mais o que faz a Terra girar; que a ciência não mais explica tudo, bem como a infância acaba cada dia mais cedo e os sonhos não existem mais. Eu nem a noite sonho mais; é raro.

A verdade que dizia-se que o amor fazia o mundo girar, depois virou a esperança, depois o dinheiro, e agora não se fala mais, porque é mais fácil uma explicação científica do que uma metáfora social. A verdade, enfim, é que a palavra e o valor pessoal, cada dia mais, tem um preço, e cada um tem o seu. (Qual o seu??? )

Não sei... poderei criticar as mocinhas de todos os filmes antigos por toda a minha vida. Poderei criticar o menino da casa ácida e caída. São todos lentos e conseguem passar de personagens principais a secundários por opção, e isso, honestamente, é perder-se num Big Shot... mas eles estão certos em uma coisa: nunca se traíram, nem traíram suas convicções. Sabiam o que suas estruturas suportariam. Não se venderam jamais para um sistema qualquer.

E o mais interessante: eles podem ter
qualquer vida, em qualquer filme, qualquer ação: nunca viverão numa cidade
cinza. Sempre será quente e acolhedor.

... Queria eu também ter uma casa suja,
angulosa e ácida, onde a sopa de repolho fosse bem aguada e todos soubessem pelo
que estão lutando...

quarta-feira, julho 20, 2005

Tantas coisas me são incoerentes ultimamente... realmente, o surrealismo da minha adolescencia está voltando, e com ele o saudosismo doentio. Claro que, ironias a parte, análises e metáforas de plantão, a coisa deu uma amadurecida, uma crescida e uma assentada (até).
E aí estão as coisas cômicas das últimas 24 horas: o ver desmontar o passado, aquele que foi tomado sem permissão e que já não fazia mais parte, mas que reclamavam quando tu exigia um pedaço que era teu por dever; parece que, por ciclo de dever, tudo o que foi colocado ali sem permissão e por desleixo, foi-se sem piedade, e foram as únicas coisas dadas a destruição e sem retorno. O pior é que a força geratriz da catástrofe ( ou seria a força motriz de todas as catástrofes ultimamente?) não aceita ter falhas ou defeitos, e eis que então voltamos ao mesmo círculo vicioso de mundo.
Por isso faço questão de postar uma coisa mais surreal que essa visão absurda e irritante de mundo que estou hoje, talvez para dizer que o arco-íris é escalável pelo simples fato de que a coerencia mata, assim como matou atreio ou transformou os diabinhos da Diabolin; certamente existem maiores lunáticos que qualquer um que se preste a ler tal desabafo estranho, bem como existem punições bem piores do que aquelas que nós mesmos nos sentenciamos.
A pergunta continua: vamos tentar escalar?

Autoridades da Malásia prenderam nesta quarta-feira 58 seguidores de uma seita bizarra que cultuava um bule de chá gigante, dois dias depois de a sede do grupo ter sido incendiada.
A agência oficial Bernama disse que os presos tinham idade entre 20 e 60 anos. Entre eles estava uma mulher neozelandesa que admitiu ter se convertido ao islamismo oito anos atrás.
O líder da seita, Ayah Pin, não estava entre os detidos e acredita-se que esteja foragido depois que 35 pessoas armadas com facões e coquetéis Molotov atacaram a sede do culto na segunda-feira, colocando fogo em um carro e no teto do prédio, danificando parte do bule.
A polícia prendeu um homem de 65 anos pelo ataque.
A seita, que acredita que o bule tem propriedades curativas, funcionava no nordeste da Malásia, área de forte presença muçulmana. Ayah Pin dizia ser Deus e se considerava dono de todas as coisas do mundo.
Autoridades religiosas tornaram ilegal a seita do bule argumentando que ela era fora dos padrões.
Os detidos podem pagar multa de 789 dólares ou ficar presos por dois anos por desafiar a lei.
A maior parte dos muçulmanos na Malásia considera o Islã sua religião oficial e tolera outras grandes religiões como o cristianismo, o hinduísmo e o budismo.

quarta-feira, julho 06, 2005

A neurose é minha, é feminina ou é geral?
Esse ano está sendo um fardo geral, e quem passar com louvor sem degradar-se perante si mesmo deveria saber ajoelhar-se e agradecer qualquer crença que tenha, mesmo que seja os vermes que o comerão depois de uma morte sórdida.
Mas o emocionante é ver que muita gente está na ativa, mesmo diante de tantas ambiguidades mundanas; tem gente tentando fazer alguma coisa mudar, e estou muito feliz de ver que, ainda que seja uma menoria, o umbiguismo não é mais uma lei, mas uma decisão cada um.
Eu nunca fui um bom exemplo de nada, e me retirar do grupo umbiguista também não é uma máxima aplicável. Qualquer tipo de comodismo chega para ficar no corpo, e são poucos os fortes o suficiente para se livrarem dele.
Hoje vi Star Wars (tardiamente), e Anakin tinha isso bem claro: o comodismo. É fácil errar, ir para o lado negro (que ele mesmo assumiu ser errado)_ que tinha suas vantagens, mesmo que incertas_, mas o peso de suas ações caíram sobre ele, e ele sucumbiu pela ambição dele mesmo e teve orgulho demais para assumir o erro dele mesmo, e passou o resto da vida (como vimos durante a infancia) lutando contra o que sabia ser o certo, mesmo podendo e tendo plenos poderes para se libertar, apenas para não travar uma batalha em sua vida (ou seria outra?). Ou seja, ele viveu mentiras e fez males que não necessitavam existir apenas por não assumir verdades comprovadas para ele, bem como não se mexeu quando devia por simples... o que? Não sei, o filme não me respondeu muito bem... (o filme tinha sérias falhas...)
... Não foi a toa que a Amigdala decidiu morrer; nem as decisões de seu amado foram bonitas, nem o fim do filme...
Mas retornando, ultimamente tenho sido muito procurada para resolver problemas de comodismo; é engraçado, pois como disse anteriormente, não sou uma pessoa perfeita nesse quesito. Mas de qualquer forma, o impressionante é que isso quer dizer que tem muita gente pior que eu... ou seja, gente q não sabe fazer nem o seu minimo (porque não sei se faço mais que isso). Fala-se em ajudar o próximo, em belas ações como o Live 8, em ser expansivo para melhorar o mundo, em nacionalismos abalados, mas ninguém sabe fazer mais do que o seu mínimo, quando sabe! Será que alguém me acompanha na visão do absurdo que é isso??? É ver a humanidade sonhando baixo para não ter de se esforçar para alcançar nenhum sonho, é ver gente vendendo a alma para pagar as contas de um jornal que serve para libertar a cabeça dos leitores, é deixar pessoas que nos amam chorar apenas porque é difícil assumir que erramos. A Amigdala, pelo menos, deve entender o que eu falo...
OK, opto e novamente afirmo o meu voto. Eu vou subir no arco-íris apenas porque descer de bunda deve ser bem divertido, e se o pote de ouro realmente existir, pelo menos para amenizar (ou piorar) a minha queda...
Areia da grossa
Areia da fina
Areia me faça
Ficar pequenina